A formação de profissionais em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no Brasil não tem acompanhado a crescente demanda do setor. Além disso, o país enfrenta uma evasão constante de talentos qualificados para o exterior, agravando ainda mais o desafio de impulsionar a inovação e a competitividade tecnológica. A análise está no novo artigo da série Observando, produzido pelo Observatório Softex, unidade de pesquisa dedicada ao apoio à formulação de políticas públicas para TICs.
Intitulado “Formação no Setor de TIC e Fuga de Cérebros: Desafios e Perspectivas para o Desenvolvimento Tecnológico”, ele mapeia os principais gargalos na formação, retenção e migração de talentos, e aponta caminhos para frear a chamada “fuga de cérebros”. O levantamento mostra que desigualdades estruturais, baixos investimentos em P&D, deficiências na infraestrutura e diferenças salariais impulsionam esse movimento, especialmente entre especialistas em áreas como inteligência artificial, ciência de dados e cibersegurança.
De acordo com Rayanny Nunes, coordenadora de Inteligência e Design de Soluções da Softex, a saída de profissionais qualificados é sintoma de um problema mais amplo. “Trata-se de um fenômeno multifacetado, motivado por fatores como melhores condições de trabalho, reconhecimento profissional, qualidade de vida e acesso a oportunidades de pesquisa e inovação”, explica.
Para reverter esse cenário, o estudo propõe cinco pilares estratégicos para retenção de talentos no país: educação de qualidade, oportunidades de desenvolvimento profissional, remuneração competitiva, qualidade de vida e políticas públicas eficazes. Embora a remuneração ainda seja central, o levantamento destaca que aspectos como estabilidade, benefícios, flexibilidade e reconhecimento são igualmente relevantes na decisão de permanecer no país.
O documento também chama atenção para exemplos internacionais bem-sucedidos, como Índia e Cingapura, que conseguiram transformar a evasão de talentos em circulação produtiva de conhecimento. No Brasil, políticas como a Lei do Bem e a Lei de Informática são citadas como instrumentos importantes, mas que ainda precisam ser fortalecidos para garantir um ambiente mais favorável à permanência e valorização dos profissionais.
A íntegra do artigo está disponível gratuitamente no site do Observatório Softex. Para acessar, clique em softex.br/observatorio-softex.
Por Mário Pereira
Agência Softex