Com mais de 32 mil empresas de TIC, Rio de Janeiro mostra força na retomada pós-pandemia aponta estudo do Observatório Softex e TI Rio

O setor de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) do Rio de Janeiro consolida sinais claros de expansão e capacidade de geração de empregos qualificados. É o que revela o “Estudo de TICs do Rio de Janeiro”, realizado pelo Observatório Softex, unidade de pesquisa e inteligência estratégica voltada à formulação de políticas públicas, em parceria com o TI Rio, entidade que completa 38 anos de atividades em 2025.  O lançamento do estudo ocorreu nesta terça-feira (21), durante o Prêmio TI Rio de Inovação 2025, e contou com a presença do vice-presidente da Softex, Diones Lima.

A pesquisa está estruturada em quatro eixos – cenário setorial, mercado de trabalho, ambiente de inovação e políticas públicas – e oferece um diagnóstico abrangente sobre os desafios e as oportunidades do setor no estado, além de recomendações estratégicas para apoiar sua consolidação como vetor de desenvolvimento econômico, inclusão social e transformação digital.

Segundo o levantamento, o estado possui 32 mil empresas atuando nesse segmento e registrou a criação de 4.461 novas vagas em 2024, com destaque para os segmentos de Serviços de TI e Indústria de Software, que vêm puxando a retomada pós-pandemia.

“O estudo deixa claro que o estado reúne ativos estratégicos e condições concretas para consolidar uma política local de TIC orientada à inovação, à equidade territorial e ao impacto social. Ainda que desafios como a concentração excessiva na capital, evasão escolar, desigualdades de gênero e raça e gargalos na infraestrutura persistam, a articulação entre governo, setor produtivo, academia e sociedade civil se apresenta como o caminho para transformar potencial em resultados duradouros para a população fluminense”, avalia Alberto Blois, presidente do TI Rio.

Emprego e juventude impulsionam o setor

Desde a retração provocada pela pandemia, o setor de TICs fluminense passou a apresentar saldos positivos de geração de empregos, com destaque em 2024 para os segmentos de Serviços de TI (+ 3.686 vagas) e Indústria de Software (+ 905 vagas). Três municípios lideram esse crescimento: Rio de Janeiro (+ 1.518), Macaé (+ 969) e São João de Meriti (+ 936), enquanto outros, como Volta Redonda, registraram retração (- 361).
Profissionais com ensino superior completo e médio completo/superior incompleto apresentaram os maiores saldos positivos. A entrada de jovens de 18 a 24 anos no setor foi uma das principais tendências observadas, faixa etária que liderou a geração líquida de postos de trabalho no ano.

Ecossistema em expansão e desafios de competitividade

Com uma população de 17,2 milhões de habitantes e o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, o Rio de Janeiro abriga mais de 32 mil empresas classificadas como ISSTIC (empresas intensivas em serviços, software e tecnologias da informação e comunicação), com forte concentração na capital.

Mesmo após uma leve retração, o segmento de software segue em curva ascendente e representa, em 2025, mais de 53% de todo o setor. O ecossistema de startups mostra-se dinâmico e especializado em modelos SaaS (Software como Serviço), com adoção crescente de tecnologias como Inteligência Artificial e Machine Learning. Ainda assim, a posição da cidade do Rio de Janeiro no 147º lugar no ranking global de polos de inovação evidencia os desafios impostos pela competição internacional e a necessidade de ampliar o posicionamento do estado nesse cenário.

Inovação estruturada, educação em transformação e políticas públicas ativas

O ambiente de inovação do Rio de Janeiro se destaca nacionalmente, com o estado ocupando o 2º lugar no Índice FIEC de Inovação e o 4º no IBID, refletindo sua liderança em capital humano e infraestrutura em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). A cidade do Rio é a 2ª colocada em tecnologia e inovação no Ranking Connected Smart Cities e conta com ativos estratégicos como o supercomputador Santos Dumont, sete parques tecnológicos e hubs como Porto Maravalley e IMPA Tech.

O ecossistema fluminense reúne mais de 40 instituições de ensino superior, entre elas UFRJ, PUC-Rio e UERJ, responsáveis pela formação de profissionais altamente qualificados e pela produção de pesquisa de ponta. Parques tecnológicos como o da UFRJ e o Serratec, além de centros de excelência como o LNCC e o CBPF, impulsionam a inovação. O estado também abriga incubadoras e aceleradoras relevantes, como Instituto Gênesis, Startup Rio e MIT REAP Rio, que apoiam o empreendedorismo em diferentes estágios.

Apesar dos avanços, há desafios significativos na formação de talentos. A oferta de cursos presenciais permanece estagnada, enquanto o ensino a distância cresce rapidamente. A evasão escolar é elevada e a diversidade ainda é limitada: apenas 18,8% das vagas são ocupadas por mulheres e a participação de pessoas negras permanece abaixo do potencial, mesmo entre os altamente qualificados. Em resposta, o estado vem implementando políticas públicas estruturantes, como o Plano Estratégico PEDES 2024-2031 e o PPA 2024-2027, que priorizam a modernização da infraestrutura digital e o fortalecimento do ecossistema. O Rio já ocupa a 2ª colocação no Índice ABEP-TIC de serviços públicos digitais, com destaque para o programa RJ Digital Municípios.

Por Fabrício Lourenço
Agência Softex

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