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Terceirização impulsiona mercado de software brasileiro

O mercado brasileiro de desenvolvimento de software e serviços de TI cresce acelerado, apoiado na terceirização de atividades realizadas in house para empresas da Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI (IBSS). “As demandas de TI não param e se tornam cada vez mais necessárias, levando as empresas a perceberem que o apoio de fornecedores externos pode contribuir para agilizar o seu processo de informatização. Além disso, elas precisam focar nos seus negócios, reduzindo custos desnecessários provenientes da manutenção de um departamento próprio de TI”, afirma Ruben Delgado, presidente da Softex e coordenador do seminário “Competitividade Global das Empresas Brasileiras de TI”, durante o Rio Info 2015, que acontece de 15 a 17 de setembro no Hotel Royal Tulip, Rua Aquarela do Brasil 75, São Conrado, Rio de Janeiro.

Segundo dados do IBGE, durante o período 2007 a 2012, a receita líquida da IBSS cresceu, em média, 8% ao ano. A partir destes dados, a área de inteligência da Softex estima que, em 2014, a receita líquida da indústria chegou à casa de R$ 100 bilhões. “No âmbito da IBSS, as atividades de suporte técnico/manutenção de TI e de desenvolvimento de portais e oferta de informações para a Internet são as que vêm apresentando maior crescimento ao longo dos últimos anos”.

Segundo Ruben, o crescimento da indústria também está relacionado à tendência natural de informatização de um número cada vez maior de pequenas e médias empresas. “O surgimento de novos modelos de negócios, impulsionado pelo cenário da mobilidade e advento da computação em nuvem, com a adoção de soluções do tipo SaaS (Software as a Service), facilitam o processo de informatização das pequenas. O mercado B2C também tem crescido, embalado pelo fascínio que as novas tecnologias exercem sobre as pessoas, especialmente os mais jovens. Um número cada vez maior acessa apps e serviços através de celulares e de outros dispositivos móveis”.

No cenário regional, as empresas fluminenses contribuem de modo muito significativo para a receita total do setor, mas têm perdido espaço para outros estados. “Estimamos que a receita da indústria de software e serviços de TI do Rio de Janeiro representa, atualmente, em torno de 18% do total da receita da indústria nacional. No entanto, a participação do Rio de Janeiro cai ao longo dos anos, e outros locais têm se tornado cada vez mais relevantes para o desempenho do setor”.

A exportação de softwares e serviços de TI brasileiros também cresceu. Em 2007, eram 149 empresas. O número chegou a 273, em 2012. A área de inteligência da Softex estima que, em 2014, a indústria contava com 315 empresas exportadoras. A receita também cresce ano a ano. Em 2007, o faturamento líquido com exportações foi de R$ 3,6 bilhões, aumentando para R$ 4,1 bilhões, em 2012 (dados PAS/IBGE, a preços de 2013). Para 2014, a Softex estima que o valor exportado chegue mais próximo à casa dos R$ 5 bilhões, representando algo em torno de 4,5% do total da receita do setor.

Desafios e oportunidades

As novas tecnologias, incluindo big data, computação em nuvem, mobilidade e redes sociais, trazem uma série de oportunidades, mas também colocam um grande desafio: a necessidade de as empresas do setor repensarem os seus negócios, reverem o seu portfólio de produtos e serviços, avaliarem as suas parcerias com outras empresas do setor, com fornecedores e clientes. “O cenário é de mudança de paradigma, mudança no jeito como as pessoas vivem e trabalham e utilizam a TI. Nossas empresas têm de estar atentas a este movimento”.

Para que o setor continue a crescer e acompanhe o cenário de rápidas mudanças, outra importante dificuldade do setor que precisa enfrentar refere-se à formação de recursos humanos. “As novas tecnologias também irão requerer um conjunto todo novo de competências. Cada vez, haverá maior convergência entre software ehardware e entre as atividades de TI e os negócios core das empresas. Para lidar com estas convergências, os profissionais de TI terão de ter um perfil de competências, habilidades e atitudes distinto do que possuem atualmente”.

Para Ruben, as pequenas empresas que compõem a maior parte da indústria nacional de software e serviços de TI, têm como vantagem a fácil adaptação a novos cenários, mas precisam apostar em novas oportunidades do mercado em parceria com as grandes. “Elas precisam ganhar musculatura e ampliar a sua área de atuação, em geral, ainda muito focada em mercados locais e pequenos negócios. Alternativa ao crescimento seria a sua organização em consórcios ou outros arranjos empresariais, em busca de combinar produtos próprios com os de parceiras, permitindo a oferta de serviços fim-a-fim para os clientes, em geral de grande porte”.

Inovar para se tornar competitivo

O desenvolvimento da indústria nacional de software e serviços de TI sempre foi muito orientado para o mercado interno, mas recentemente vários fatores têm permitido que empresas, antes com foco local, ampliem suas fronteiras. “Houve mudanças na forma como o mundo é percebido, com uma redução relevante nas distâncias, antes muito acentuadas, entre local e global. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar e o baixo crescimento econômico do país colaboram para tornar o mercado externo muito atraente”, afirma Ruben Delgado, presidente da Softex.

A inovação, em especial em software, é um importante diferencial competitivo brasileiro, que tem aberto portas para uma maior atuação em outros mercados. “O Brasil tem tudo para alcançar destaque nesta área até por nossa tradição em criatividade. Ao longo do tempo enfrentamos e superamos diversos períodos de crises econômicas, que incluíram até a adoção de novas moedas. Esta capacidade de descobrir novos caminhos e superar cenários adversos está em nosso DNA. O que o Brasil precisa é ter uma estratégia de posicionamento no mercado global, priorizando determinados segmentos”.

As empresas também têm dado mais atenção ao mercado externo a fim de melhor enfrentar os concorrentes que chegam ao país. “Essas chegadas podem ameaçar a sobrevivência das brasileiras que não estiverem preparadas para atender clientes cada vez mais acostumados com um padrão global de produtos e serviços. Os países da América Latina e os Estados Unidos são os principais destinos das nossas empresas.”

No entanto, ressalta, Ruben, a chegada de empresas estrangeiras também pode significar novas oportunidades e parcerias com grandes clusters. “O Brasil possui um mercado interno relevante, com mão de obra relativamente barata (quando comparada à dos países desenvolvidos) e pode ser utilizado como trampolim para o acesso a outras localidades da América Latina. Esses fatores atraem empresas estrangeiras, geram negócios, ampliam a nossa receita com atividades de software e serviços de TI”.

O principal diferencial da indústria brasileira de software e serviços de TI, segundo Ruben, é o conhecimento do mercado local e das especificidades do país, incluídas as questões relacionadas às regras locais de negócios, relacionamento com o cliente, conhecimento da legislação e da cultura local. “No que diz respeito especificamente ao mercado de software, a vocação nacional tem a ver com o software para aplicações, ou seja, direcionado para o usuário final, seja para o mercado horizontal (ERP, CRM, RH, fiscal) seja para o mercado vertical (saúde, educação, telecomunicações, gestão pública etc.)”.

Para avaliar o potencial de internacionalização da indústria, a Softex utiliza uma metodologia que considera fatores diversos: resultados comerciais, conhecimento acumulado, atitude frente ao mercado externo e capacidade de operacionalização. A metodologia foi aplicada em empresas participantes do Projeto Setorial Softex/Apex-Brasil e os resultados estão em fase de avaliação.

* Com informações da Assessoria do Rio Info 2015.

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