IA própria avança, mas escassez de talentos e segurança travam projetos

O estudo State of Application Strategy 2025 (SOAS), elaborado pela F5, indica que a corrida das empresas pela construção de suas próprias plataformas de Inteligência Artificial (IA) ganhou força. Segundo o levantamento, 96% das organizações entrevistadas já estão desenvolvendo ou planejando iniciar projetos de IA proprietária. A implementação, porém, não é imediata e pode levar de dois a cinco anos, seja por meio de estruturas internas — como fábricas de IA — ou pela contratação de modelos prontos oferecidos como serviço (IA as a Service).

Os dados refletem um aumento expressivo na dependência de aplicações digitais. Hoje, 93% das empresas afirmam que seus processos operacionais e de negócios — tanto B2C quanto B2B — dependem diretamente de softwares, APIs e serviços digitais. Esse índice era de 73% em 2023. A pesquisa entrevistou 650 executivos de TI e segurança cibernética de grandes setores como finanças, energia, telecomunicações, indústria, governo e tecnologia, incluindo empresas brasileiras.

No cenário nacional, o movimento ainda é inicial, mas começa a ganhar tração. Grandes bancos e companhias de tecnologia, como Qinv, Linx, Veloe, Finansystech e Totvs, estão na vanguarda desse desenvolvimento. A adoção de IA própria busca reduzir a dependência de plataformas públicas, como ChatGPT e OpenAI, além de oferecer maior controle sobre dados e segurança, conforme aponta Vinicius Miranda, gerente de soluções de engenharia da F5 para a América Latina.

Apesar do avanço, os desafios são significativos. Mais da metade (54%) das empresas relatam falta de profissionais qualificados para projetos de IA. Além disso, 48% se preocupam com a qualidade dos dados, temendo informações incorretas ou desatualizadas que podem comprometer os resultados. Outros obstáculos incluem limitações orçamentárias (48%), dificuldades para escalar a governança de dados (39%) e desconfiança quanto à precisão dos modelos, especialmente por problemas de viés e “alucinações” geradas pela IA (34%).

Nesse contexto, ganha relevância o uso de AI Gateways, soluções que permitem às empresas equilibrar o uso de modelos próprios e públicos de IA, protegendo informações sensíveis sem abrir mão da produtividade. Segundo o estudo, 50% das empresas já adotaram esse tipo de tecnologia. Os gateways atuam como uma camada de segurança e controle, gerenciando o tráfego de dados entre diferentes plataformas de IA, especialmente em ambientes de multinuvem.

O levantamento também destaca que o ambiente multinuvem se consolidou como padrão. Atualmente, 94% das organizações operam com APIs e aplicações distribuídas em uma média de quatro nuvens públicas. Contudo, proteger essas interfaces segue como um desafio para 58% dos entrevistados. Outro dado relevante é que 79% das empresas realizaram a repatriação de parte de suas aplicações da nuvem pública para estruturas privadas, buscando maior controle sobre custos, segurança e desempenho.

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Por Karen Kornilovicz
Agência Softex

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