Segundo o relatório State of Women in Leadership, divulgado pelo LinkedIn, a desigualdade de gênero nos cargos de liderança permanece significativa, com progresso praticamente estagnado nos últimos dois anos. Globalmente, apenas 30,6% das posições de liderança são ocupadas por mulheres, enquanto a participação feminina no mercado de trabalho geral chega a 43,4%. No Brasil, os números refletem essa média global: 31,8% das posições de liderança são ocupadas por mulheres, embora elas representem 45,4% da força de trabalho ativa. A diferença mostra que a presença feminina reduz conforme se avança na hierarquia corporativa.
Na América Latina, o cenário é igualmente desafiador. Argentina (31,6%), Chile (34,9%) e Colômbia (36,4%) apresentam índices semelhantes aos do Brasil. Apesar de uma base de profissionais qualificados expressiva, as mulheres enfrentam obstáculos já nas promoções iniciais. A transição de cargos técnicos para posições de gestão é um dos principais gargalos, com queda média de 18% na participação feminina nesse movimento, conforme apontado pelo levantamento, que analisou dados de 74 países.
O setor de tecnologia da informação é um dos que mais concentra barreiras. Apesar de representar um campo estratégico para a economia digital, apenas 22,3% dos cargos de liderança em tecnologia são ocupados por mulheres no mundo, número ainda menor que a média global. No Brasil, o padrão se repete: a participação feminina nesse setor é baixa tanto na base quanto no topo da hierarquia. A diferença entre o número de mulheres na área e o número daquelas que chegam a cargos de liderança pode ultrapassar 40%, apontando para a existência de um funil que exclui mulheres conforme sobem na carreira.
Ações para reverter esse quadro
Mesmo em setores tradicionalmente dominados por mulheres, como saúde e educação, a proporção de mulheres em cargos de liderança não ultrapassa 45,7% no melhor cenário. Já em setores como construção civil, petróleo e gás, o índice chega a ser inferior a 15%. A queda na representatividade também é acentuada entre gerações mais antigas: entre os chamados “Baby Boomers”, mulheres representam apenas 18,4% da liderança, enquanto entre a Geração Z, esse número sobe para 36%, ainda assim abaixo da equidade.
Para reverter esse quadro, o relatório sugere medidas práticas como a adoção de metas de diversidade em cargos de chefia, programas internos de mentoria, revisão dos processos de promoção e incentivo à liderança feminina desde os níveis iniciais da carreira. Políticas de apoio à parentalidade, horários flexíveis e combate ao viés inconsciente nas avaliações de desempenho também são listadas como fundamentais. Sem ações estruturais, a tendência é que os avanços continuem lentos e desiguais.
Baixe gratuitamente a íntegra do relatório do Linkedin aqui.
Por Karen Kornilovicz
Agência Softex