* Por Odair Behnke, Gestor de Operações com o Mercado da WK
Historicamente, nós já passamos por diversas transformações desde a Primeira Revolução Industrial. Tivemos diversas “ondas” de ciclos de inovação, que começaram com as máquinas a vapor, passando pela eletricidade e combustão até chegar na automação e na robótica. Em cada ciclo, a sociedade foi avançando no uso de tecnologias. A partir da Terceira Revolução, a computação entrou de forma mais forte e presente nas nossas vidas, e isso mudou toda a forma de trabalho que conhecíamos até então.
O que antes era feito de forma massificada agora pode ser feito de uma maneira muito mais personalizada. Hoje, boa parte das grandes empresas que conhecemos e soluções que usamos cotidianamente (como Uber, iFood e Netflix) nasceram das necessidades que surgiram por conta desse mundo digital. E essa é uma provocação que precisamos estar constantemente nos fazendo: como a tecnologia pode ajudar o meu negócio?
A pandemia escancarou ainda mais essa urgência. Uma pesquisa da FGV em parceria com o Sebrae mostrou que 55% das empresas que já existiam antes de março de 2020 estão operando de forma diferente do que trabalhavam antes da crise. Em maio de 2020, 59% dos negócios faziam vendas através de ferramentas digitais, sejam redes sociais, ferramentas de e-commerce ou marketplace. Em dezembro de 2021, esse número já era de 74%. Ou seja, em um ano e meio, 15% das organizações passaram a vender online. Não há dúvidas de que a pandemia acelerou as tendências de transformação digital e mudou, de vez, o mercado empresarial.
Ainda há quem pense que tecnologias como óculos inteligentes, bots, IoT, realidade virtual e aumentada são coisas distantes do nosso cotidiano, mas elas já estão acontecendo – e já tem empresa lucrando com isso. O metaverso, por exemplo. A rede pode não estar totalmente presente na sua rotina, mas já tem recebido bilhões de dólares de companhias que querem tangibilizar seu crescimento. A expansão do mundo físico para o virtual é um caminho sem volta. Por isso eu volto a dizer: como o seu negócio se encaixa nesse mercado?
Vamos seguir com o exemplo do metaverso. Pode parecer algo sem nenhuma relação com a sua empresa, mas existem diversas camadas de atuação que compõem esse novo universo. Ele é um mundo digital com as mesmas interações que temos no mundo físico – para se ter uma ideia, já teve até mandado judicial sendo cumprido por lá. E o que é preciso para que isso aconteça? Ter uma camada de infraestrutura, com hardwares, softwares, 5G, edge computing. Uma outra camada que envolve produtos, headsets, óculos de realidade aumentada, computadores, celulares. Outra que vai estar focada em modelagens, no desenvolvimento de realidade aumentada e avatares. Além de toda a experiência que vai estar envolvida nesse novo universo, como jogos, shows, compra, shows, desfiles de moda, etc.
É fundamental pensar onde a sua empresa se encaixa nesse novo cenário (seja no metaverso ou mundo digital como um todo) porque, se você não fizer, o seu concorrente vai fazer – e pode acabar matando o seu produto. A pesquisa da FGV também mostrou que houve uma redução na proporção de empresários preocupados com o futuro da empresa e um aumento dos que se dizem animados com as novas oportunidades. 27%, inclusive, destacaram que os desafios provocaram mudanças que foram valiosas para os negócios. Isso só demonstra que o futuro já está acontecendo, e que as empresas já estão se movimentando para agarrar essas novas possibilidades.
Agora é o momento de fazer um exercício de “futurologia”, pesquisar tendências e entender quais mudanças ou adaptações podem fazer com o que seu negócio sobreviva no mundo digital. É possível vender em um marketplace, ou pensar em mudar a forma de venda para um modelo de subscrição? Trabalhar sob demanda? Buscar uma parceria com o concorrente? É preciso entender de fato o impacto da tecnologia na sua empresa para, então, agir de forma certeira. O Murilo Gun, que é palestrante e um dos pioneiros na internet brasileira, tem uma fala bastante interessante sobre combinatividade, que é sobre “ligar os pontos”. Você precisa ligar as informações que tem com o cenário que estamos vivendo e com o que o seu cliente está buscando, e explorar essa oportunidade da melhor maneira possível.
Buscar inovação não é mais uma opção, é uma necessidade. As empresas que não estiverem preparadas para esse novo momento de cultura da produtividade, de movimento maker, de economia do compartilhamento, vão acabar morrendo. Sim, as tecnologias já estão aí e você precisa investir nelas. Mas a inovação é a chave para um novo modelo de negócio, que pode ser o diferencial que vai alavancar a sua organização.