Setor de semicondutores no Brasil: desafios e caminhos estratégicos segundo Observatório Softex

A indústria global de semicondutores é altamente interdependente: a fabricação de um único chip envolve centenas de etapas distribuídas em cadeias de suprimento internacionais. Essa estrutura trouxe ganhos de escala e eficiência, mas também expôs fragilidades. Pesquisas mostram que, em pelo menos 50 pontos críticos da cadeia, uma única região responde por mais de 65% do mercado, deixando o setor vulnerável a choques como pandemias, crises de insumos e tensões geopolíticas.

Com o objetivo de analisar esse cenário e a posição brasileira nesse segmento estratégico, o Observatório Softex, unidade de pesquisa e inteligência estratégica voltada ao apoio de políticas públicas em tecnologia, lança o quarto artigo da série Observando: “Brasil e a Cadeia Global de Semicondutores: Análise, Lacunas e Recomendações”. O estudo avalia o papel dos semicondutores no desenvolvimento econômico e tecnológico em áreas como automotivo, saúde, energia, telecomunicações e tecnologias emergentes, incluindo inteligência artificial e Indústria 4.0.

Os semicondutores são hoje essenciais para a soberania tecnológica e a segurança econômica. Segundo a Statista (2025), o setor deve movimentar US$ 697,18 bilhões (R$ 3,9 trilhões), impulsionado por chips voltados à inteligência artificial e centros de dados. Enquanto países como Estados Unidos, União Europeia e nações asiáticas já implementaram programas multibilionários de incentivo, o Brasil estruturou sua política com a Lei nº 14.968/2024, que criou o Programa Brasil Semicondutores (Brasil Semicon), prevendo incentivos fiscais, financiamento à pesquisa, formação de talentos e retomada de ativos estratégicos, como a CEITEC.

O governo federal anunciou R$ 186,6 bilhões (cerca de US$ 36 bilhões) em recursos públicos e privados para fortalecer a cadeia de semicondutores, incluindo R$ 7 bilhões anuais destinados ao setor. Nesse contexto, o programa Chip Tech Brasil, coordenado pela Softex, promove trilhas de capacitação em design de chips, testes e encapsulamento, fortalecendo a conexão entre universidades e indústria na formação de mão de obra especializada.

O estudo identifica desafios, como escassez de profissionais qualificados, infraestrutura crítica limitada e entraves regulatórios e de propriedade intelectual, mas também aponta oportunidades estratégicas em nichos como design fabless, OSAT e semicondutores analógicos e de potência. Com base nisso, o Observatório Softex sugere sete recomendações para estruturar a governança do setor, incluindo criação de um Conselho Nacional, fortalecimento da capacitação, foco em nichos estratégicos, desenvolvimento de insumos críticos, estímulo a compras públicas e cooperação internacional. Consolidar políticas de Estado e assegurar previsibilidade regulatória permitirá ao Brasil aumentar sua competitividade e resiliência frente a crises globais.

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Por Karen Kornilovicz

Agência Softex

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