Por Karen Kornilovicz//
País mais inovador da América Latina, à frente do Brasil, de acordo com levantamento do Índice Global de Inovação 2022, o Chile recebeu entre os dias 12 e 16 de junho uma delegação de nove empresas brasileiras interessadas em saber mais sobre este mercado, suas oportunidades de negócios e estrutura como potencial hub de internacionalização. A iniciativa foi do Brasil IT+, parceria da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) com a Softex.
O engajamento do país com a inovação é tão forte que ele costuma ser chamado de “Chilecon Valley” em uma referência ao seu equivalente norte-americano. Com uma comunidade empreendedora ativa e vibrante, o ecossistema chileno inclui diversas instituições de apoio e fomento de renome, entre as quais a Start-Up Chile, a CORFO (Corporação de Fomento à Produção), a InvestChile, o Conselho Nacional de Inovação para o Desenvolvimento, e o Fundo de Investimento de Capital Empreendedor.
A delegação foi recepcionada em Santiago por Leandro Rocha Araújo, chefe do SETEC da embaixada do Brasil no Chile, que compartilhou informações importantes sobre o ambiente de negócios e de inovação chileno.
“Embora o Brasil seja um dos países que mais enviam startups para aceleração no Start-Up Chile, a participação nacional no ecossistema ainda é tímida. E isso ocorre por diversas razões, entre as quais o desconhecimento das oportunidades existentes, a barreira do idioma e a estratégia comercial das empresas. Mas embora o Chile tenha apenas 19 milhões de habitantes que consomem muita tecnologia, ele pode se transformar em uma importante plataforma para exportação de serviços em razão dos acordos de livre comércio mantidos com 65 países, incluindo União Europeia, Estados Unidos, China, Japão e a Aliança do Pacífico”, destaca Leandro Rocha Araújo.
A embaixada brasileira oferece aos empresários interessados em investir no Chile o apoio do setor de ciência, tecnologia e inovação por meio da divulgação de informações e interlocução com agentes públicos e privados. Para incentivar a relação comercial, no próximo mês de julho a embaixada brasileira divulgará os dados do mapeamento realizado sobre o ecossistema de inovação chileno, incluindo principais interlocutores locais, empresas de venture capital e contatos governamentais.
Um hub para internacionalização – “Promovemos uma verdadeira imersão no mercado chileno com a apresentação de oportunidades, investimentos, conexões validação de produto e entendimento da cultura local, incluindo detalhes sobre o processo completo de entrada no país. Muitas integrantes da nossa delegação já deram os passos iniciais para uma possível parceria e a geração de negócios futuros é promissora”, avalia Jéssica Dias, líder de Projetos Internacionais na Softex.
Integraram a delegação brasileira as empresas Actiz, Ahgora HCM, Espresso Labs, Fairy Solutions, Pulsus, Provider, Ventiur, Wvetro e Youtan.
“Para nós, a internacionalização é uma forma de expandir nossa base de clientes, garantir a sustentabilidade de nosso negócio e diluir o risco do mercado brasileiro. Temos experiência em atuar em diversos países com equipes remotas e em diferentes culturas. Estamos entusiasmados com o ambiente de negócios e inovação chileno e esperamos conseguir contribuir com esse ecossistema extremamente ativo e vibrante”, analisa Thiago Yukio, CTO da Expresso Labs, especializada no desenvolvimento de produtos digitais.
A programação da Missão incluiu dois dias de reuniões com mais de 50 encontros de networking e reuniões one-to-one, visitas a centros de inovação de prestígio como Start-Up Chile, Universidade Católica do Chile e Imagine Lab; e a empresas como Stefanini Chile, Arauco, Ceconsud, Sonda e Enel Chile.
“Estamos iniciando nossos movimentos de expansão global e na missão nosso objetivo era conhecer a cultura empresarial e o ecossistema de inovação de Santiago. Geramos em torno de 20 contatos diretos em quatro dias de trabalho e alguns já evoluíram para uma fase mais avançada de aproximação. Entendo o mercado chileno como uma boa opção para nosso processo de internacionalização”, pondera Rogério Marinho, CEO da Youtan, desenvolvedora de softwares e aplicativos sob demanda.
A Pulsus já atua em três continentes – América, Europa e África – e está em processo de ampliação de sua base de clientes fora do Brasil. “O Chile está entre os três principais mercados estratégicos na América Latina para nós em razão dos projetos que já desenvolvemos e das empresas com as quais temos negociado. Estamos realizando diversas reuniões com parceiros interessados em comercializar localmente nossas soluções e também com clientes para a venda direta. Além de todo esse contexto comercial, a missão também nos permitiu obter uma visão mais aprofundada do mercado chileno em relação, por exemplo, à abertura de operação local e às melhores estratégias de negociação, o que é sempre muito importante”, analisa Vinícius Boemeke, CEO e co-founder da Pulsus, referência em solução de gerenciamento de dispositivos móveis (MDM) com quase um milhão de aparelhos gerenciados no Brasil e no exterior.
Ao longo dos últimos 19 anos, o Projeto Brasil IT+ já envolveu mais de 640 companhias interessadas em expandir sua atuação para além das fronteiras nacionais. O volume de negócios gerado pelas empresas aderidas à iniciativa atingiu a casa dos US$ 593 milhões em 2022.